No período de 17 a 20 de agosto,
o Governo da Paraíba, através da Fundação Espaço Cultural da Paraíba, realiza mais
uma edição do projeto ‘Agosto das Letras: Festival de Leitura da Paraíba’, no
Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. São oficinas, palestras, feiras,
lançamentos de livros, mesas-redondas, contação de histórias para crianças
entre outras atividades de interação com público, escritores e editoras,
voltadas aos variados segmentos da área. Integrado ao evento acontece o
Quadrinhos Intuados - 3º Encontro Regional Sobre Histórias em Quadrinhos, de 18
a 20 de agosto. No dia 20, às 15h30, o poeta Salomão Sousa participará do
painel “A poesia paraibana entre a formação docente e a cenário brasileiro”,
com Expedito Ferraz Jr. e mediação de Danilo Peixoto.
Espaço para difusão da literatura goiana. Além de Cora Coralina, J.J.Veiga, Bernardo Élis e José Godoy Garcia, Goiás tem uma literatura de riqueza peculiaríssima, com uma profusão de autores legítimos. Todos podem contribuir com a riqueza deste blog. Caso tenha alguma resenha, artigo ou estudo sobre a literatura goiana, pode inclui-lo aqui. Basta encaminhá-lo para meu email ou postá-lo como comentário. Pode postar também textos literários nos comentários. Pois então! Salomão Sousa
segunda-feira, agosto 07, 2017
quarta-feira, julho 19, 2017
Sérgio de Castro PINTO
- Na Paraíba, a poesia está em festa neste ano de 2017 para comemoraçãodos cinquenta anos da poesia de Sérgio de Castro Pinto. A Fundação Espaço Culturalda Paraíba, com a terceira edição do evento Agosto das Letras, no período de 17 a20 de agosto, vai homenagear o poeta. Serão quatro dias de debates, oficinas, feirade livros e lançamentos.A poesia de Sérgio de Castro Pinto que, desde o primeiro livro Gestos lúcidos(1967), nas de+nidoras palavras de Geraldo Carvalho, prima pela “contenção dalinguagem, o jogo verbal reduzido ao mínimo e expressando o máximo”. Acaba deser editado um volume com a fortuna crítica de sua poesia, com uma centena deartigos e resenhas. Destaco os textos de Ivo Barroso, Gilberto Mendonça Teles eAnderson Braga Horta.Em resenha incluída no livro, Fernando Mendes Vianna também aponta a“poética exemplar em matéria de poder de condensamento, em que o duplo gumede uma síntese analítica não mutila o poder verbal, mas reforma uma sadia víscerapoética, salientando inclusive o sentido social de uma cirurgia crítica brilhante”.Esse condensamento ganhou forma ao longo da carreira poética exitosa de Sérgiode Castro Pinto, que contribuiu para descentralizar para o Nordeste as experiênciasinovadoras de quebra da tradição com as novas possibilidades das vanguardas.Poética essa aliada à sua viva atuação na ambiência crítica da Paraíba.Faço essas anotações livres para expressar o impacto que sinto no convíviocom a poesia de Sérgio de Castro Pinto. Texto bem livre, talvez até com algumainexatidão, mas com legítima sinceridade. Texto livre numa tarde de descanso, mascom o desconforto de saber que outros poetas se ofuscam em diversas paragenscom os desentendimentos do homem no mundo. A diversidade com que éproduzida a poesia brasileira e a extensão do território muitas vezes nos tornamopacos ou ausentes uns aos outros.Ter nascido no mesmo ano de publicação do livro Invenção de Orfeu, deJorge de Lima, me deixa sempre comovido. Só viria a conhecer essa poesia deconstrução inquebrável muitos anos depois, e não poderia praticá-la, pois seriapercorrer estrada já trilhada. E depois me comove encontrar a obra daqueles queproduziram poesia nos mesmos anos por mim vividos. Adriano Espíndola é umdeles, que, como eu, nasceu em 1952. E também me comove e enriquece a poesiade Sérgio de Castro Brito, que só recentemente passei a avaliar com mais justiça eextensão, e para nos tornarmos transparentes e presentes um ao outro. Esse
- parágrafo pode estar fora do contexto. Mas quem de+ne o que entra e sai de umtexto é o autor e o autor aqui deseja fazer emergir e criar familiaridades.Surpreendente ler a produção poética de Sérgio de Castro Pinto e encontraro clima tenso do momento histórico que vivíamos e abordávamos na poesia emregiões distintas. Prova de que a ditadura angustiava todos os escritores do país. Omedo subjacente, o vazio de estar se sentindo inútil numa repartição, numa sala deaula, pois viemos de uma geração participativa.No livro A ilha na ostra, de 1970, que guarda intensa relação com o universocontemporâneo, se encontra o poema “Duas borrachas”, que leio sempre como umsímbolo de composição de poema que nasce para representar uma geração e paravalidar o ato de produção poética. No gesto criativo de Sérgio Castro Lima, aborracha não é algo estanque, que simplesmente anula. A borracha é abordadacomo se fosse a própria ação do homem do período do regime militar. Há um versoque lembra outras "borrachas que solidárias" desejam limpar outras borrachas, quecertamente não continham sol, pois preocupadas em criar escurecimentos comseus erros:a borracha alimenta-sede medo e do inexatoFico esperando que um poema como esse, escrito no mesmo ímpetodrummondiano de uma “Máquina do mundo”, tenha luminescência noconhecimento da nacionalidade. Com um poema desses podemos reconhecer quesomos seres que desejam estar instaurados fora do caos. Um poema desses vemrea+rmar que muitos excessos da realidade continuam a merecer a ação daborracha para inscrição de novos destinos na escritura da história.Eu, Sérgio de Castro Pinto, Alberto da Cunha Melo, Adriano Espíndola,Brasigóis Felício, Gabriel Nascente e tantos outros, vindos de um mundo falido, depoética em busca de si mesma, tínhamos de organizar outro formato de produçãopoética e de questionamento da realidade. Talvez esse período se torne maiscompreensível com a ação de uma historiogra+a que consiga encaixá-la nocontexto da nacionalidade. Nosso mundo caótico, repressivo, ainda não foianalisado e compreendido para melhor inclusão da poesia no contexto daquelarealidade. Vão surgindo outras gerações e parece que esta que resistiu não podeocupar algum momento de clareza, devendo permanecer ali no limbo intocável detodos os erros do período. E a poesia dos anos de chumbo era guerreira, viva,sanguínea. Poesia que catalisou medo e fracasso. Uma poesia vitoriosa, resistente,mesmo com temas sutis e composição disfarçada nas mutações dos
desmembramentos vanguardistas, dela emerge o homem angustiado e perseguido.É uma honra ter produzido nesse período e poder estar buscando outros formatosde ajuste da poética em outros tempos, também sombrios, pois sem metas e, piorainda, sem compromissos sociais.Rendo, daqui de Brasília, com estas palavras ao estilo de notas de redesocial a minha homenagem aos setenta anos de vida e cinquenta de poesia deSérgio de Castro Pinto, que, em João Pessoa, permanece ativo na poesia. Busca eanima formatos. É importante a atividade de poetas que motivam a juventude paraa arte. E Sérgio de Castro Pinto motiva, assim como Jamesson Buarque incentiva ajuventude à exaustão na fronteira de Goiânia.Voltarei a João Pessoa só para me encontrar com Sérgio de Castro Pinto e nossentarmos diante de uma paisagem.
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