Caminhos de Alaor
Manoel Hygino dos Santos
HOJE EM DIA, Belo Horizonte, quarta-feira, 13 de julho de 2011.
Entre meus amigos-escritores, está Alaor Barbosa, autor de muitos e bons livros, alguns com lançamento no exterior mesmo antes de chegar às livrarias brasileiras. Goiano, membro da Academia de Letras daquele Estado, colaborador de revistas e jornais, redator de alguns dos mais prestigiosos diários brasileiros.
É de posições e decisões. Foi assim e assim continua. Autor de uma preciosa biografia de Guimarães Rosa, viu o trabalho proibido de circulação, por iniciativa de herdeiros do notável ficcionista de Cordisburgo. O processo paira na Justiça.
Quando a Academia Mineira de Leras, na gestão de Murilo Badaró, resolveu - em comemoração ao centenário de Rosa - promover uma série de conferências, lá estava Alaor para tema tão oportuno e relevante. Foi um sucesso. Aproximou-se de Nélson Hoffmann, amigo comum, gaúcho da fronteira com a Argentina, advogado, professor e conceituado ficcionista.
Sabendo, que aquele seria homenageado emprestando seu nome a um centro cultural, Alaor não se intimidou com a distância. Partiu de Brasília e lá foi para as margens do Rio Uruguai para associar-se à manifestação de apreço e respeito ao homem e à sua obra.
Para este Alaor a que me refiro, não há distâncias ou quaisquer outros obstáculos. Vai até onde acha que deve, faz o que lhe parece necessário. Assim é também na produção jornalística, nos artigos e nos ensaios, nas palestras, onde julga que a sua participação é conveniente, combatente e incansável.
Não sem razão Wilson Martins, crítico literário dos maiores que o Brasil teve nos últimos cem anos e recentemente falecido, situou Alaor Barbosa ao lado de Balzac, Thomas Hardy, Eça de Queiroz, Dostoievski, Graciliano Ramos e Giovanni Verga. Só isso já constituía um atestado de competência e prestígio.
Para Mário Jorge Bechepeche, autor de "O Senso da Obra Aberta na Literatura e o Modelismo Conjuntivo da Atualidade", Alaor é "daqueles autores cujo conjunto da obra forma um alentado e luminar panorama literário". Em análise da obra de autor nascido na interiorana Morrinhos, Bechepeche acha natural que autores de produção intensa em volume cheguem a construir um panorama, um verdadeiro universo de caracteres que se destacam, por englobarem, em muitos livros, uma particularidade geral. No autor de Goiás, prepondera a imagem de Imbaúbas, a cidade do interior que seria como o espelho da Morrinhos natal.
"Com o ícone Imbaúbas campeando em toda sua obra e até título de uma delas, arrola (Alaor) uma transcedência estética e antropológica que estabelece um mundo de características formando uma dicção, uma expressão do "modus vivendi" do mundo do sertão agreste, rústico, bravio, inculto. É um carimbo dos mais importantes em seus textos, igualmente auspicioso e magistral para a Literatura Brasileira". Para o crítico, no confronto de faces sociais, vê-se que Alaor Barbosa deu universalidade ao Sertão", como gênio das letras e do pensamento. Basta isso.