A primeira obra formadora de uma tradição literária goiana surgiu só em 1917, no período do pré-modernismo. Tropas e boiadas — livro que mistura contos e crônicas —, de Hugo de Carvalho Ramos, contribuiria para os fundamentos do Regionalismo. Sem esse livro, não existiria a tradição literária capaz de insuflar o surgimento da obra de Bernardo Elis e do mineiro Guimarães Rosa.
Três livros de Bernardo Elis merecem destaque: Ermos e gerais, contos (1944); O tronco, romance (1956); e Veranico de janeiro, contos (1966), pois consolidariam o processo lingüístico capaz de refletir a realidade da região. Nenhum goiano, hoje, pode desconhecer o drama inserido no conto A enxada, do livro Veranico de janeiro. Esse conto representa para Goiás o que O capote representa para a literatura russa. Com Bernardo Elis, Goiás pela primeira vez se assentaria na Academia Brasileira de Letras e teria acesso a importantes prêmios literários nacionais.
A maturidade definitiva da Literatura Goiana seria alcançada com a edição dos contos de Os cavalinhos de platiplanto (1959), de José J. Veiga, que consolidaria carreira literária de mais de 15 títulos. É o goiano mais estudado no país, as suas obras talvez tenham sido adotadas em todo território nacional. Todos os livros de José J. Veiga encantam pelo modo peculiar de criticar o ambiente carregado que vivia o país sob o tacão do regime militar, numa linguagem despojada, com reflexo luminoso da ambiência das cidades goianas. Ler, estudar, criticar José J. Veiga é ato de cidadania goiana. A sua obra é ato de firme brasilidade.
Cora Coralina é um caso raro na literatura brasileira. Apesar de ter nascido em 1889, viria a se consagrar só em 1980 com a publicação de carta aclamativa de Carlos Drummond de Andrade. Não é obra de invenção, mas que tem cativado o país inteiro pela legitimidade de seus textos. Ela se coloca por inteira nas crônicas e nas poesias, numa obra que é ineludível patrimônio de Goiás.
Ainda não resgatado pela crítica, José Godoy Garcia figura como estrela solitária na poesia goiana. Seu primeiro livro, Rio do sono, é de 1948, e, de 1972, o antológico Araguaia mansidão, que representa o amadurecimento total do autor, sendo o cume de toda a poesia produzida até agora em Goiás. Trata-se de poesia legítima, com cheiro da terra, das águas, do ar, do fogo goiano. Poesia preocupada com a aurora.
Um comentário:
olá
voce teria como disbonibilizar
para download
as obras que você tiver
de Bernardo Élis?
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