Na página que mantem na internet, Ercilia Macedo-Eckel — num estudo sobre a escritora Ada Curado, apresenta um pequeno resumo da evolução histórica da cultura em Goiás. Por este estudo, podemos ver como a cultura goiana é nova, se comparada à cultura europeia e mesmo com a brasileira. O desenvolvimento goiano é muito novo. Tomo a liberdade de reproduzi-lo abaixo:
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2 Períodos da vida cultural de Goiás (seu Estado de opção)
A esquematização a seguir obedece aos critérios: cronológico, político e determinados por acontecimentos sociais e culturais (25: p. 29-32, com pequena alteração no que se refere ao 6º Período).
2.1. 1º Período: de 1726 a 1830 – Do início da história de Goiás à publicação do Matutina meia-pontense (Pirenópolis), com o predomínio da mineração e sua substituição pela pecuária e agricultura, o surgimento das primeiras cidades e o aparecimento das primeiras aulas e com elas o de nosso primeiro poeta: Antônio Lopes da Cruz (sob o pseudônimo de Bartolomeu Antônio Cordovil) com o poema Ditirambo às ninfas goianas (1790).
2.2. 2º Período: de 1830 a 1903 – Da publicação do Matutina meia-pontense à instalação da Academia de Direito de Goiás (24-2-1903), a que se seguiu a fundação de uma Academia de Letras (1904), de curta duração. Nesse período ocorreu também a fundação do primeiro jornal, o quarto do País, e semente para o jornalismo de idéias abolicionistas e republicanas. São desse período a criação do Liceu de Goiás (1847) e do Gabinete Literário Goiano (1864). Estética predominante: transição clássico-romântica, com predomínio do Romantismo nos fins do século XIX e início do XX.
2.3. 3º Período: de 1903 a 1930 – Da instalação de nosso primeiro curso jurídico e da Academia de Letras à Revolução de 1930, de que resultou a nova capital do Estado (,o casamento da autora em estudo com o Coronel Gentil, sua vinda para Goiás como “lugar de opção” e aproveitamento do assunto para temas de sua ficção). Estética: novas ideias parnasianas e simbolistas começam a tomar conta dos escritores, fechando-se o período com o predomínio do Parnasianismo. Mas o livro Ontem (1928), de Leo Lynce, marca o início do Modernismo em Goiás, no fim desse período.
2.4. 4º Período: de 1930 a 1942 – Da Revolução de 1930 que modificou as estruturas político-administrativas do País e motivou em Goiás a fundação de Goiânia (5-7-1942), quando se iniciou a publicação da revista Oeste, órgão de orientação política da época. Estética: de transição. É o pré-modernismo em Goiás, incluindo-se a adoção do verso livre.
2.5. 5º Período: de 1942 a 1960 – Da publicação de Oeste e do batismo cultural de Goiânia à inauguração de Brasília que, pela proximidade, resultou em maior incremento econômico e intelectual para Goiás. Acontecimentos importantes: criação da Bolsa “Hugo de Carvalho Ramos” (1943), visando à publicação de obras literárias ou científicas de autores contemporâneos residentes no Estado, I Seminário de Arte de Goiás (julho de 1956) e a criação das Universidades Católica (1958) e Federal (1959). Eu fiz o vestibular para a primeira turma de Letras da Católica.
Estética: inspirada em Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. É considerado um período importante das letras goianas, na poesia e na prosa. Na poesia, principalmente pela chegada dos primeiros livros de Gilberto Mendonça Teles: Alvorada (1955) e Estrela-d’alva (1956). No primeiro, identificou-se com parnasianos e simbolistas. No segundo, além de traços simbolistas, há prenúncios do Modernismo (p. 30 e 31).
Derrubada a Ditadura e finda a Guerra Mundial, agitam-se os escritores brasileiros, em vários Estados. Em Goiás a consequência imediata foi a criação de uma secção da Associação Brasileira de Escritores (1945), a realização do I Congresso Nacional de Intelectuais (fev./ 1954). Um dos temas: “Problemas éticos e profissionais dos intelectuais”.
Ada Curado participou desse evento, juntamente com outros escritores do Estado, como Eli Brasiliense, Jose Godoy Garcia, José Xavier de Almeida e Bernardo Élis. Também estavam presentes expoentes das letras nacionais e internacionais, como Pablo Neruda. Logo a seguir, Ada publicou O sonho do pracinha e outros contos (1954) e Morena (1958).
São dessa fase os romances O tronco (1956), de Bernardo Élis, Élos da mesma corrente, de Rosarita Fleury e a circulação de um jornal literário, Jornal Oió, entre 1957 e 1958. O grupo Os quinze (fev./ 1956), dos novos, divulgava suas idéias no suplemento literário da Folha de Goiaz, através de Jesus Barros Boquady.
2.6. 6º Período: 1960 à atualidade (1991) – Dos reflexos econômicos, intelectuais e políticos pela proximidade de Brasília aos dias de hoje. No início da década (1962) surgiu o discutido GEN (Grupo de Escritores Novos) que culminou com a publicação de Poemas do GEN (1966) e a vinda Mário Chamie, o instaurador da Práxis, a Goiânia. Aqui ele proferiu palestras e manteve contato com intelectuais e assistiu a uma Exposição de poemas práxis realizada pelo GEN no seu 5º aniversário (1967). Desse grupo, considerado, na época, de oficio não muito sério, o tempo e a persistência permitiram os seguintes frutos em nossas letras: Miguel Jorge, Helena Chein, Heleno Godoy, Carlos Rodrigues Brandão, Luís Fernandes Valadares, Manuel B. de Brito (Prof. Nequito), Coelho Vaz, Yeda Schmaltz, dentre outros.
Em 1964 Gilberto Mendonça Teles publica o estudo e antologia A poesia em Goiás pela Universidade Federal, obra premiada em concurso de 1962. E publicação de grande valor para quem estuda a literatura feita em nosso Estado. Ainda a Universidade Federal de Goiás edita (1963) seus (dela) Cadernos de Estudos Brasileiros. Outros acontecimentos importantes: Inaugura-se a Televisão Anhanguera (1963), com espaço para escritores e artistas. O jornal O popular (final de 60/ início de 70) mantinha um caderno, o “Suplemento Cultural”, com grande espaço para as letras e as artes em geral. João Bênio dá início às atividades cinematográficas com o lançamento dos filmes O diabo mora no sangue (1969) e Simeão o Boêmio (1970). Na década de 80 Cora Coralina tem repercussão nacional com Poemas dos becos de Goiás e estóricas mais (1980) e Vintém de cobre: meias confições de Aninha (1983). É no 6º Período que Siron Franco e outros goianos são reconhecidos nacionalmente.
Nesse quadro da vida cultural, mais especificamente, de Goiânia hoje, não poderíamos esquecer o papel da Galeria Casagrande como aglutinadora de intelectuais e artistas da sociedade local, juntamente com o empenho da Função Jaime Câmara, dentre outras.
Nesse período, Ada Curado pinta esporadicamente: Vaso de flores (1984) e Casal de garças (1989) descoravam sua biblioteca. Há, também, alguns poemas em quadro ilustrados por sua filha Ceci, como “Expectativa” (9: p. 42) e por outros artistas.
Com o final do “regime militar” (1985), creio eu, poderíamos iniciar o 7º Período da vida cultural em Goiás. "
Um comentário:
Muito instrutivo para meus estudos mas gostaria de contar com ilustrações para melhor memorizar a sequência dos acontecimentos
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