Salomão Sousa, Goiandira, Gilberto Mendonça Teles e Antonio Miranda
Por Salomão Sousa
O
Projeto de Extensão "I Colóquio de Poesia Goiana", vinculado aos
Projetos de Pesquisa "Configuração do lirismo na poesia goiana
contemporânea" e "Apresentação da poesia goiana: de 1948 aos dias atuais”,
que aconteceu nos dias 12
e 13 de junho de 2017 na Faculdade de Letras da Universidade
Federal de Goiás, certamente
contribuirá para maior validação crítica da poesia goiana.
Digo,
inicialmente, que, ainda que eu falasse de mim, eu ainda estaria falando da
poesia goiana, pois, apesar de eu ter construído a maior parte de minha vida em
Brasília, sempre procurei manter convívio com a poesia goiana, com ela
dialogando, ainda que com o íntimo e amoroso conflito que é peculiar aos seus escritores,
sem me distanciar da cultura que me moldou na infância e na adolescência.
Há uns vinte
anos – ao comparecer a um sebo de uma cidade satélite de Brasília –, ouvi do
livreiro que “Goiás não tem escritores, mas vomitadores de palavras”. A
declaração não só transmitia uma visão deturpada da literatura de uma fronteira
nova como afetou profundamente a minha postura de poeta com todos os direitos
civis de indivíduo goiano e deles mantendo memória orgulhosa. Foi como se eu
tivesse ficado marcado como uma rês pelas duas letras que meu pai, em seu
analfabetismo, se orgulhava de manter dependuradas na parede. O corpo de um J
servindo para acavalar a primeira perna de um M na peça de ferro que servia
para marcar as suas poucas peças de gado.
Assumi que teria
de modificar meu formato de relacionamento crítico com a produção literária de
Goiás, que teria de atuar para atenuar e reverter essa visão, mesmo sabendo que
só a minha geração não será suficiente para limpar esse embotamento que se construiu
desde os tempos dos governos provinciais, que trabalhavam para que as fronteiras
novas não evoluíssem. O meu trabalho não seria só produzindo poesia, mas
estudando as questões que contribuem para que se tenha no exterior uma visão
embaçada da literatura goiana.
Além de criação de um blog para
abrigar matérias sobre autores goianos, auxiliar o poeta Antônio Miranda na
manutenção da página dos poetas de Goiás em seu site e de incluir na Wikipedia o
perfil de grande parte dos poetas goianos, procurei identificar questões que
não são devidamente levadas em consideração no momento de avaliação da literatura
goiana, e aí, sobretudo a poesia, que é a vertente a que estou debruçado:
1)
Goiás
é uma fronteira econômica nova, pois antes do Século XX a região era só um veio
factível à exploração;
2)
O
ensino só foi introduzido, sistematicamente, no Século XX (o censo de 1920 registra
que 98% da população não estava alfabetizada; escola Régia no Estado de Goiás é
de 1787, na cidade de Meia Ponte (Pirenópolis), e 1788 em Santa Luzia
(Luziânia). Em 1827, eram escolas régias na capital e quatro nos arraiais. A
criação de escolas para meninas aconteceu somente em 1831. A inauguração do Liceu
de Goiás em 23 de fevereiro de 1847 representa a institucionalização do ensino
secundário em Goiás, que funcionou até 1937, quando foi transferido para
Goiânia. Em 1882 (1984) – para suprir falta de professores, foi criada num
anexo do Liceu, a escola para formação de professores, mas que foi extinto dois
anos depois por falta de alunos, pois era baixa a remuneração dos professores.
Não sigo em frente com este histórico, pois foge muito do escopo da mesa
redonda do colóquio, só ressaltando que o ensino superior só seria introduzido
no Estado com a inauguração de Goiânia e que a descentralização do ensino
superior só ocorreria próximo do Século XXI. É bom conclui este tópico com um
aforismo banal, mas certeiro: Não existe produção e consumo de literatura sem
educação.
1)
a
urbanização, fator imprescindível para a modernidade da poesia, só se
introduziu no Estado com a construção de Goiânia (1942) e Brasília (1960).
2)
Max
Bense: no Brasil, com o colonizador ocupado com o enfrentamento bruto da
natureza, não sobrava energia ao colonizador para gasto de energia com a
cultura, e, aí, com a formação pessoal e dos filhos.
Quase todo
compêndio sobre o desenvolvimento do Brasil Central não economiza enumerações
das causas do retardamento da maturidade cultural da região, sempre peculiares
ao período de formação de qualquer povo com as mesmas características: o atraso
econômico, a desorganização social, a distância dos grandes centros urbanos, a
ausência de vantajoso intercâmbio cultural com as metrópoles de avançada estrutura
de meios de veiculação da crítica e da formação cultural, a carência de
investimentos públicos no setor e o tardio surgimento de centros de ensino.
E para que essas questões sejam
compreendidas e enfrentadas, reconheço que questões estruturais exigem enfrentamento
em várias frentes (governo, imprensa, rede de ensino, a família e os próprios
escritores).
1. investimento no
ensino para formação cultural, com inserção do espírito de liberdade e de
criação, e não só de produção de economia;
2.
convívio
com as expressões culturais, com a internalização da cultura dentro dos lares,
com disciplina individual para acolhida da cultura e comportamento que justifique
no indivíduo a ação organizada para exercício da cidadania. Não
é à toa que a casa goiana é pródiga em dependências destinadas à alimentação,
tais como cômodo específico para tulha, despensa e cozinha, e falha em
reservar ambiente da moradia para a reflexão.
3.
imperioso
que a imprensa e segmentos da própria cultura atuem de forma a incentivar a
acolhida da produção plural (Kundera fez esse questionamento para a cultura de
seu país).
4.
melhor
investimento bem econômico/bem cultural. O enriquecimento econômico em si mesmo
não libera a ética de um povo, Muito pelo contrário, o enriquecimento gera
pobreza e corrupção. O bem cultural gera o equilíbrio da sociedade. Comprova
esta assertiva a presença dos filhos dos magnatas da soja instalados em seus
carros, nas praças das pequenas cidades goianas, atochados de alcoolismo e
ainda sem nenhuma prática de cidadania ao perturbar a população com violento
som automotivo.
Postas estas
preliminares, apresento um resumo bem livre da poesia goiana de meu tempo, que
foi se construindo com o esforço intuitivo de cada poeta. Mas, na apresentação
de seu livro A República, Platão nos
anima dizendo que só a intuição constrói a estética. Assim, só depois de 1942, com
o advento da urbanização, começaram a florescer em Goiás gerações de poetas com
ideário mais delineado: o segundo modernismo de engajamento com a vida e a
natureza, o GEN e o grupo Os XV, além das razões de surgimento de grupos que
praticaram uma poesia de resistência e de um simbolismo gótico.
Quanto à
divisão dos períodos históricos da poesia goiana, serão mencionados aqui
algumas características mais recentes, pois Gilberto Mendonça Teles, em A poesia em Goiás, de 1964, pela
Universidade Federal de Goiás, e Assis Brasil, em A poesia goiana no século XX, de 1997, pela Imago Editora, apontam
as principais correntes e divisões históricas até o período de publicação de
seus estudos. Colheita (A voz dos
inéditos), de 1979, pela Inigraf, e Goiás,
meio século de poesia, 1997, pela Kelps, ambos de Gabriel Nascente,
contribuem menos, pois, com a ambição de preencher lacuna — no período não
circulava nenhuma antologia da poesia goiana —, são menos ambiciosas na seleta dos
autores e na caracterização do desenvolvimento da poesia goiana. O autor, na
apresentação de uma delas, confessa que “poetas maiores, menores ou não, aqui
se juntam (…)”. Nesta antologia o organizador prefere acreditar que todos se
enfeixam numa organicidade capaz de apresentar com crédito, maturidade e
inventividade para estabelecer maior permanência da poesia de Goiás dentro da
nacionalidade. E — como Gabriel Nascente em Goiás,
meio século de poesia — acredita que o melhor corte da maturidade da poesia
goiana se dá a partir da década 1940, pois a construção de Goiânia, em 1942,
aproximou do meio rural a urbanidade de frutífera miscigenação cultural.
Em Goiás, só
em dois momentos, os poetas se organizaram com ideário próprio em torno de propostas
poéticas. O primeiro momento se deu em 1956, quando foi criado o grupo Os XV, de alinhamento com Geração de 45.
No entanto, muitos de seus integrantes — mesmo Jesus Barros Boquady e Gilberto
Mendonça Telles, que eram líderes do movimento — acabariam retornando, em algum
momento, à versão da poesia mais livre. A fidelidade à estética estabelecida
pelo grupo seria mantida de forma mais permanente apenas por Afonso Félix de
Sousa. O segundo momento ocorreu a partir de 1963. Do contraditório Grupo de
Escritores Novos (GEN), que teve atuação mais formalizada até 1967, pode-se
dizer que teve a função de conscientizar o poeta goiano para a forma de atuar
aparelhada das descobertas estilísticas em vigor no seu tempo, ampliando o
espectro de experiências de produção poética. Valeram-se dos jornais para
divulgar trabalhos e fazer laboratório crítico. O grupo avançou até as vanguardas
da época, tais como a Poesia Praxis, que ainda conta com Heleno Godoy e Luis
Araújo Pereira em viva produtividade. Do grupo, ainda são expoentes Yêda
Schmaltz, que tem produção diversificada, fazendo na região as primeiras
interligações da poesia e da pintura com a linguagem da informática; e Miguel
Jorge, que contribuiu de forma vivaz com o grupo e com as demais vertentes ao dirigir
suplemento literário no jornal O Popular,
contribuindo de forma a ampliar a visibilidade da literatura goiana no mercado
editorial e na aceitação crítica fora de Goiás. Os remanescentes dos grupos Os
XV e GEN continuaram dentro de suas dogmáticas, menos filiados à exposição da
região, cada um se ajustando à linguagem que lhe convém, sempre margeando a
reflexão política.
É importante ressaltar que alguns
caminhos da poesia goiana, a partir do GEN, não vêm merecendo melhor
caracterização pelos historiadores, críticos e meio acadêmico. Sempre que se
vai produzir novo estudo a orientação da pesquisa para a avaliação dos poetas e
da sucessão dos períodos históricos esbarra nos limites estabelecidos pelo
livro A poesia em Goiás. No entanto,
publicado em 1964, os efeitos da mudança da capital do País e as consequências
da ditadura, bem como o desenvolvimento das obras dos autores que começavam a
produzir naquele momento não puderam ser avaliados por Gilberto Mendonça Teles.
Assim, os novos estudos esquecem que a ditadura acertou de cheio Goiânia, que,
em razão da proximidade com a capital Federal, serviu para centro de prisões
políticas, inclusive com cessão de dependências de instituições públicas para
tortura e assassinato de presos políticos. Hoje, essas dependências são
destinadas à produção e à exposição cultural. Por essa proximidade, tanto
física, quanto de ação dentro da história, a ditadura acertou de cheio a
literatura goiana, com sequelas visíveis até os dias atuais.
A partir daí
duas vertentes foram se consolidando dentro da poesia goiana, sem que tenham
nascido com a preocupação direta de resistência ao regime de exceção. A primeira
vertente está preocupada com o “abismo”, a “noite”, o “escuro”, o “exílio” e o
“silêncio”, que denotam o conhecimento da vigilância da opressão que ronda o
espaço físico do poeta e, ainda, demonstra a clandestinidade que o cidadão
devia guardar silenciosamente; e, a outra vertente, que atua quase em paralelo,
prefere esposar reação de estranhamento, sem denotar resistência direta ao
período de “escuridão” política, mas de desconforto às “trevas” da própria
existência. Estas duas correntes passaram a rejeitar — até os tempos atuais —
os poetas do GEN. Essa rejeição, até agora, não foi analisada para apurar se o antagonismo
se dá pela divergência que cada uma adotou diante da estranheza política da
época ou pela condução diversa do formato da linguagem poética de cada
corrente.
Não foi de
engajamento direto contra a ditadura ou outra segmentação política a produção
do primeiro grupo. Vindo em descendência direta do modernismo de José Décio
Filho e José Godoy Garcia, o grupo — que não teve organização formal ou
formulação de ideário como tinha ocorrido com Os XV e o GEN — impregnaram suas
obras de fluorescência humana, sempre com toque de desencantamento. É grupo
que tem de ser lido com a acesa lembrança das contradições políticas do
período, e sem a esperança de encontrar nele qualquer lirismo redentor. No
segundo livro de Brasigóis Felício, a voz do poeta conclama:
Não perdoa, Pai,
que eles sabem o que fazem
e como sabem fazer!
Ainda em 1987,
Gabriel Nascente remete para o futuro as consequências desse tempo perdido,
geração que foi deslocada de suas possibilidades, proibida de ter conhecimento
e consciência:
O tempo é um comboio invisível
que nos arrasta para o entardecer
da vida.
A força da consciência se dilui —
é o tempo.
O ontem tão cheio dos porquês: e
agora, pesado,
cada vez mais certo nas ondas do
futuro.
Aidenor Aires,
em 1973, em versos cálidos, também se mostra poeta dos tempos sombrios que recaem
sobre Goiás e sobre a nacionalidade:
Uma ave branca ficará
chorando nos escombros
A segunda
corrente adotou um simbolismo gótico para expressão do estranhamento de viver
o espírito dos tempos sombrios da ditadura. Os estudos para instrumentação
desta linguagem levaram algumas vozes do período a confundir onde fica(va) o
limiar entre a vida e a obra. Valdivino Braz, Edival Lourenço e Delermando
Vieira são os ápices desse segmento, que acabou tendo reflexos em poetas que
seguiam por outras vias da poesia goiana, tais como Pio Vargas e Tagore Biram.
Em 2004, no poema “Evasão” — que pode ser o termo a ser escolhido para
designar o sentimento que ficou do período — bem memorialístico do poeta
gótico-pós-vaguardista, com desdobramentos internos, Edival Lourenço, após
questionar ”o projeto (que) não se fez obra” e ”os pensamentos sob censura”,
faz prédica da poética do futuro, pois foram assumindo líricas bem pessoais,
insertas numa violência visionária, de busca de novas identidades para a
linguagem e também para o homem exilado dentro do desconforto de existir no
espaço e no tempo:
Só quero um dia obter a senha
Ter nas mãos a abracadabra
A aba que abrace a dobra
Ou a obra que abra as abas
E tirar de lá meu rascunho
Que jamais logrou escolha
Meus sonhos imanifestos
Meu destino sem outorga
Nem código de barra impresso
E aí noutro tempo e lugar
Me reconstruir em novas bases
Com aquela perdida face
Que lá também deve estar.
Por isso, a
poesia goiana desse período deve ser lida e analisada com conhecimento da
estranheza histórica vivida em Goiás com muito maior intensidade do que nas
demais regiões do País. Era a ditadura, a guerrilha do Araguaia, o AI-1, o
AI-2, o AI-3, o AI-4, o AI-5, o pau de arara. Um poema como esse de Edival
Lourenço, para aquele que desconhecer o furor político-social da época, não
vai entrar no clima, talvez só vá julgar que o texto é expressão de uma lírica
de desilusão.
É claro que,
num convívio com estas duas correntes, surgiam poetas mais que transpareciam
as estranhezas góticas e as e reflexos de outras correntes em andamento no
País, com influências dos poetas de recorte da publicidade e da contenção
leminskiana. No entanto, entre 1980 e 2000, foram raros os poetas que se
acrescentaram às correntes da poesia goiana, sobressaindo Maria Abadia Silva e
Marcos Caiado, e, separadamente, Pio Vargas e Tagore Biram — estes dois últimos
se consumiram em alcoolismos estranhos, sem tempo para conclusão de suas obras.
Agora, é
obrigação registrar que essas gerações tiveram de conviver com o desalento e o
rancor de estar à margem do processo editorial e, em consequência, do
abandono da avaliação crítica. Ficavam, assim, obstruídos no caminho para o
mercado editorial e sem a orientação para ajustes das poéticas pessoais, que só
a crítica justa incita e estimula. Sob estas condições, tornava-se impossível a
poesia produzir presença em territorialidades fora das fronteiras de Goiás, por
mais que tenham sido criados concursos literários e bolsas de publicações sob
os auspícios do Estado.
Com a
ampliação da oferta de cursos de Letras, de Línguas, de Filosofia, e entrada
de professores íntimos da literatura para suporte do ensino, foram sendo
ampliadas as condições para surgimento de poetas capazes de absorver e
expressar matizes e matrizes das vanguardas brasileiras. Depois de Pio Vargas,
Edmar Guimarães e Wesley Godoi Peres entrarem com experimentos capazes de
quebrar a forma de a tradição da poesia goiana lidar com a imagética da
natureza, abolindo-a em nome da suspensão do real, emerge a geração voltada
para a web, que desenvolve novas e desconstrói velhas linguagens, às vezes
abolição do verso, às vezes a desconexão vocabular, ou a construção coletiva,
ou o visual, ou a desconstrução frasal, ou o poema em prosa, o poema tuíte, ou
o soneto. Agrupados em comunidades virtuais, ensaiam novos formatos de lidar
com a composição e com a circulação das obras. Alguns sequer publicaram livros
físicos, pois acessíveis só em e-books, e, no entanto, já reconhecidos pela
revista Poesia sempre, da Biblioteca Nacional.
Há que se reconhecer a introdução de
um poeta pernambucano, que vai se enraizando goiano, para insuflar adrenalina
nos aspectos da poesia que se produz atualmente em Goiás. Jamesson Buarque
tanto no meio acadêmico quanto no ombro a ombro com a juventude, e com a
produção de uma poesia que certamente irá ser destaque na nacionalidade,
insufla na camada mais jovem da poesia goiana o sentido da tradição e o esforço
para que a palavra extrapole a capilaridade do real.
Ainda é um
mundo nebuloso, a web. Mas na névoa se esconde o inominável, o viajante, o
poema perdido. Quando soube da escolha de poema de sua autoria para ilustrar
este parágrafo, Marra Signorelli, com a jovem memória dos vinte anos,
surpreendeu-se que o poema existisse que que fosse de sua autoria. Assim, Marra
Signorelli, onde o muro da ditadura ainda está dentro, ou a impaciência do
espaço incisivo da urbe, ou erro, ou a inconsciência, ou a eterna resistência
da poesia:
Que aqui se faz a voz
Voz outra voz outrora atroz
Ou seria de dizer Vox
Nem Fox News ou CNN
Veloz
Como instinto de sílaba e sangue
De silêncio entremeando-me o si
De alguma peça ou de algum
murmuro
Ou mesmo de algum carro que range
Porta ou fechadura corpo adentro.
O se.
Conforme
previsto pelo artigo publicado em O
Jornal do Rio de Janeiro, na edição de 11 de agosto de 1944, Goiás, com o
Batismo de Goiânia, passou a ser o “centro de irradiação de novas bandeiras”.
Goiás, portanto, não é só a bandeira que sinaliza e apressa a corrida para a
construção de Brasília. Não é só a bandeira que abriu e apontou caminhos para a
urbanização de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, trazendo novos
movimentos para o eixo do desenvolvimento econômico e cultural. Passada a euforia
da corrida para essas frentes, a irradiação merece ocorrer de dentro para fora
com celeridade, não só com liberação de estoque econômico, mas de bens
culturais construídos por vozes erigidas na região.
Tudo isso balizado, a poesia desse território virgem
e espoliado de sua riqueza deve ser tomada como gesto nascente, de vigor
natural. E tudo que é jovem — naturalmente vigoroso e autêntico — merece ser
convocado para somar energia à nacionalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário